O homem pecador
No segundo momento da história da salvação está o acontecimento «pecado».
Depois de criados, os homens, abandonando a justiça com relação a Deus e aos demais seres humanos, preferiram o egoísmo, a dominação, as riquezas injustas, a irresponsabilidade e as falsas delícias de todo o género. Este modo de agir conduz ao escurecimento do coração, que o Magistério actual chama de falta de sentido de pecado, que hoje está muito difundido.
Por causa deste defeito, há o perigo de que a prática e a proclamação dos direitos humanos resulte estéril, porque se põe muitas vezes o objectivo de mudar as situações injustas e pecaminosas, sem o intento de mudar os corações. Não podemos esquecer que tais estruturas normalmente são fruto dos pecados pessoais que têm a sua raiz no pecado original e que, como uma grande massa de pecados, se chama, por vezes, pecado do mundo. Mais ainda, suposta o permanente voltar-se para si mesmo do homem depois do pecado, o homem actual, ao desfrutar de maiores possibilidades técnicas e económicas, está também submetido a maiores tentações de comportar-se como senhor absoluto (e não como vice-senhor dependente de Deus) que crie umas estruturas ainda mais opressivas, com respeito aos outros.
A Igreja ao proclamar a doutrina do pecado e toda a sua integridade, convida os homens à conversão do coração, para que abandonem as injustiças. A justiça em toda a sua plenitude, proclamada pela Igreja, reconhece os direitos de Deus Pai e dos homens irmãos. Deste modo se entende que a pregação da doutrina do pecado seja uma válida contribuição para a promoção dos direitos da pessoa humana. Os cristãos, com a sua doutrina, podem dar algo de novo ao esforço universal de promover esses direitos. Para mais, pode dar-lhe uma esperança inaudita, pois o cristão não tem a sua esperança numa realidade penúltima, mas só na última, na escatologia. Deve tentar fazer sempre um mundo melhor, ainda que por vezes só veja frutos terrenos que, à imagem de Cristo, são a cruz e o fracasso. Também nesta configuração com Cristo crucificado, o homem que busca a justiça prepara o Reino escatológico de Deus. Por isso, cada cristão abraça a causa dos direitos humanos com uma profunda esperança.
O homem redimido por Cristo
A excelência da teologia da história da salvação, presente no Vaticano II, aparece também se se consideram os efeitos da redenção adquirida por Cristo o Senhor. Pela sua cruz e ressurreição, Cristo Redentor dá aos homens a salvação, a graça, a caridade activa e abre, de modo mais amplo, a participação da vida divina, simultaneamente animando, pelo mesmo facto, purificando e robustecendo os desejos generosos com os quais a família humana tenta fazer a sua vida mais humana e submeter toda a terra a este fim.
Cristo comunica estes dons, tarefas e direitos à natureza redimida e chama a todos os homens que pela fé e pela caridade se unam ao Seu mistério pascal, dando cada um a vida pelos demais, tal como Ele o fez.
A doutrina, os exemplos, e também o mistério pascal de Jesus confirmam que os esforços dos homens que procuram construir um mundo melhor, conforme à dignidade do ser humano, são dignos e rectos. Criticam as deformações destes esforços quando pensam que se pode alcançar utopicamente o seu êxito pleno aqui na terra ou se empregam meios contrários ao Evangelho para alcançar esses fins. Superam estes esforços quando se propõe com luz meramente humana, enquanto que o evangelho oferece um novo fundamento religioso especificamente cristão à dignidade e direitos humanos, e abre umas perspectivas novas e mais amplas aos homens como verdadeiros filhos adoptivos de Deus e irmãos em Cristo paciente e ressuscitado, pois Cristo está sempre presente em toda a história humana.
Os cristãos devem conformar-se, com o seu coração e com o seu agir, às exigências da vida nova e agir de acordo com a dignidade cristã, estando especialmente disposto a respeitar os direitos de todos: agindo segundo a lei de Cristo e o novo mandamento da caridade, numa atitude de total desprendimento.
No uso que cada cristão faz dos bens da criação deve cooperar com o Criador, libertando-a da escravidão e corrupção do pecado, para que sirva a justiça com respeito a todos pelos bens da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade. Desta maneira, como na nossa vida mortal levamos, pelo pecado a imagem do Adão terreno, devemos, agora, pela vida nova, levar a imagem do Adão celeste, o qual constantemente pro-existe para o bem de todos os homens.
Nesta divinização e humanização do mundo cósmico e social, o trabalho e a distribuição das riquezas tem um lugar privilegiado. O trabalho humano é um ponto crucial para a dignidade e os direitos a nível cristão. Por cima das finalidades e das estruturas próprias das coisas, das actividades e dos homens, existe uma dimensão mais profunda, que vai da cruz, sofrimento e glória, até à Parusia.
No segundo momento da história da salvação está o acontecimento «pecado».
Depois de criados, os homens, abandonando a justiça com relação a Deus e aos demais seres humanos, preferiram o egoísmo, a dominação, as riquezas injustas, a irresponsabilidade e as falsas delícias de todo o género. Este modo de agir conduz ao escurecimento do coração, que o Magistério actual chama de falta de sentido de pecado, que hoje está muito difundido.
Por causa deste defeito, há o perigo de que a prática e a proclamação dos direitos humanos resulte estéril, porque se põe muitas vezes o objectivo de mudar as situações injustas e pecaminosas, sem o intento de mudar os corações. Não podemos esquecer que tais estruturas normalmente são fruto dos pecados pessoais que têm a sua raiz no pecado original e que, como uma grande massa de pecados, se chama, por vezes, pecado do mundo. Mais ainda, suposta o permanente voltar-se para si mesmo do homem depois do pecado, o homem actual, ao desfrutar de maiores possibilidades técnicas e económicas, está também submetido a maiores tentações de comportar-se como senhor absoluto (e não como vice-senhor dependente de Deus) que crie umas estruturas ainda mais opressivas, com respeito aos outros.
A Igreja ao proclamar a doutrina do pecado e toda a sua integridade, convida os homens à conversão do coração, para que abandonem as injustiças. A justiça em toda a sua plenitude, proclamada pela Igreja, reconhece os direitos de Deus Pai e dos homens irmãos. Deste modo se entende que a pregação da doutrina do pecado seja uma válida contribuição para a promoção dos direitos da pessoa humana. Os cristãos, com a sua doutrina, podem dar algo de novo ao esforço universal de promover esses direitos. Para mais, pode dar-lhe uma esperança inaudita, pois o cristão não tem a sua esperança numa realidade penúltima, mas só na última, na escatologia. Deve tentar fazer sempre um mundo melhor, ainda que por vezes só veja frutos terrenos que, à imagem de Cristo, são a cruz e o fracasso. Também nesta configuração com Cristo crucificado, o homem que busca a justiça prepara o Reino escatológico de Deus. Por isso, cada cristão abraça a causa dos direitos humanos com uma profunda esperança.
O homem redimido por Cristo
A excelência da teologia da história da salvação, presente no Vaticano II, aparece também se se consideram os efeitos da redenção adquirida por Cristo o Senhor. Pela sua cruz e ressurreição, Cristo Redentor dá aos homens a salvação, a graça, a caridade activa e abre, de modo mais amplo, a participação da vida divina, simultaneamente animando, pelo mesmo facto, purificando e robustecendo os desejos generosos com os quais a família humana tenta fazer a sua vida mais humana e submeter toda a terra a este fim.
Cristo comunica estes dons, tarefas e direitos à natureza redimida e chama a todos os homens que pela fé e pela caridade se unam ao Seu mistério pascal, dando cada um a vida pelos demais, tal como Ele o fez.
A doutrina, os exemplos, e também o mistério pascal de Jesus confirmam que os esforços dos homens que procuram construir um mundo melhor, conforme à dignidade do ser humano, são dignos e rectos. Criticam as deformações destes esforços quando pensam que se pode alcançar utopicamente o seu êxito pleno aqui na terra ou se empregam meios contrários ao Evangelho para alcançar esses fins. Superam estes esforços quando se propõe com luz meramente humana, enquanto que o evangelho oferece um novo fundamento religioso especificamente cristão à dignidade e direitos humanos, e abre umas perspectivas novas e mais amplas aos homens como verdadeiros filhos adoptivos de Deus e irmãos em Cristo paciente e ressuscitado, pois Cristo está sempre presente em toda a história humana.
Os cristãos devem conformar-se, com o seu coração e com o seu agir, às exigências da vida nova e agir de acordo com a dignidade cristã, estando especialmente disposto a respeitar os direitos de todos: agindo segundo a lei de Cristo e o novo mandamento da caridade, numa atitude de total desprendimento.
No uso que cada cristão faz dos bens da criação deve cooperar com o Criador, libertando-a da escravidão e corrupção do pecado, para que sirva a justiça com respeito a todos pelos bens da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade. Desta maneira, como na nossa vida mortal levamos, pelo pecado a imagem do Adão terreno, devemos, agora, pela vida nova, levar a imagem do Adão celeste, o qual constantemente pro-existe para o bem de todos os homens.
Nesta divinização e humanização do mundo cósmico e social, o trabalho e a distribuição das riquezas tem um lugar privilegiado. O trabalho humano é um ponto crucial para a dignidade e os direitos a nível cristão. Por cima das finalidades e das estruturas próprias das coisas, das actividades e dos homens, existe uma dimensão mais profunda, que vai da cruz, sofrimento e glória, até à Parusia.
(c) 2005 - Filipe Santos
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