A alegria de ser cristão
A alegria e o gozo de viver a palavra de Deus são características próprias de um cristão adulto.
Há diversos tipos de alegria, diversos graus. Mas só se pode falar em alegria no sentido estrito, quando o ser humano, a nível das suas faculdades superiores, encontra a satisfação e possui um bem conhecido e amado. De acordo com este ensinamento de S. Tomás de Aquino, e vendo as potencialidades desta afirmação, o Papa Paulo VI, na exortação apostólica Gaudete in Domino, afirma que o ser humano não só pode sentir e experimentar as alegrias humanas quando está em contacto e comunhão com a natureza e com a humanidade, mas também pode atingir o grau mais elevado de felicidade que é a alegria da comunhão com Deus. Aí, o ser humano conhece a alegria e a felicidade espiritual quando o seu espírito entra em comunhão com Deus, conhecido e amado como bem supremo. A alegria verdadeira não provém dos prazeres efémeros nem das certezas do mundo, mas sim da vida espiritual, pois é um fruto do Espírito.
Alegria Cristã
A alegria cristã é por sua essência uma participação espiritual da alegria insondável – simultaneamente divina e humana – do Coração de Jesus glorificado. Através da oração pode experimentar-se mais profundamente esta grande alegria: cada cristão sabe que vive de Deus e para Deus.
E ninguém é excluído deste chamamento universal à felicidade, na sua vida concreta. É a partir da vida no Espírito, que os discípulos de Jesus Cristo são chamados a participar da alegria divina, alegria essa que se fundamenta na participação no amor trinitário. Jesus quer que sintam dentro de si a sua mesma alegria em plenitude: “Eu revelei-lhes o teu nome, para que o amor com que tu me amaste esteja neles e eu também esteja neles’” (Jo 17, 26).
O caminho das Bem-aventuranças
Estar dentro do amor de Deus é uma possibilidade que se realiza nesta vida concreta, através da opção pelas coisas do Reino. Claro que pode obrigar a um caminho difícil, mas é o único que leva à verdadeira alegria: o caminho das Bem-aventuranças.
As “Bem-aventuranças traçam a imagem de Cristo e descrevem sua caridade; exprimem a vocação dos fiéis associados à glória de sua Paixão e Ressurreição; iluminam as acções e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; são iniciadas na vida da Virgem Maria e de todos os santos”( CIC 1717).
Convém ter presente que a alegria do Reino feita realidade, não pode brotar senão da celebração conjunta da morte e ressurreição do Senhor. É o paradoxo da condição cristã que tem em Jesus Cristo o seu esclarecimento. À luz do novo Adão, os sofrimentos e dificuldades não são eliminados, mas adquirem um novo sentido, porque há a certeza de participar na redenção realizada por Jesus Cristo e participar da Sua glória.
O cristão, por muitas dificuldades que enfrente, desde que esteja inserido na comunhão de amor trinitário, sente sempre a alegria divina, pois participa do amor de Deus(cf Jn 17, 25-26). Esta consciência leva-o a ser sal e luz do mundo, anunciando a Boa Nova com alegria. Deste modo não sucumbirá à falta de fervor, que se manifestaria no cansaço, acomodação, desinteresse e desilusão. Antes se revigora continuamente com verdadeiro fervor espiritual.
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