29 setembro 2009
25 setembro 2009
22 setembro 2009
A Igreja é Comunhão - VII (ponto de situação)
Se, por um lado, a comunhão aparece como algo de desejável, por outro lado, é uma realidade que todo o homem nasce, vive e morre só. A agudeza desta verdade sente-se a caminho de cada calvário, lugar onde cada um percebe o valor e a importância da comunhão, pois quando experimentamos a ajuda de um qualquer Cireneu, recordamos o de desejo de viver em comunhão.
Mas é precisamente este valor que está em crise, devido às mutações sociais, provacadas pela industrialização e as crescentes mobilidades. A Igreja, existindo neste contexto histórico, também se sente perturbada por tais mudanças sociais, até porque a linguagem usada pela sociedade deixou de ser a religiosa.
Torna-se então claro que a Igreja tem de repensar a sua missão, tem de se repensar. É a sua própria identidade que está em causa. A comunhão — que a Igreja é — pode ser um ponto de ligação entre as duas sociedades. A tarefa que se impõe é a de descobrir as fontes inspiradoras da comunhão: elas são a Sagrada Escritura e as comunidades eclesiais concretas, pois se por um lado a comunidade primitiva experimentou e viveu a comunhão, por outro lado nós hoje conhecemos e experimentamos esta realidade através das comunidades que se lhe seguiram ininterruptamente até hoje.
Segundo a Sagrada Escritura a comunhão humana deriva da comunhão trinitária, como a imagem deriva do original. A própria salvação é obtida através de Jesus Cristo, mas em comunhão com os outros baptizados. Dá-se a mística do encontro entre Deus e os homens, entre os homens e Cristo, e dos homens entre si. Aqui está patente a dinâmica da salvação na qual Deus nos introduz pelo baptismo. O cânone da autenticidade de cada acto comunitário está na Igreja primitiva, na Igreja dos Actos dos Apóstolos. Aí, o exercício da comunhão fazia-se através da participação e da partilha comunitárias.
O Espírito Santo apresenta-se, neste contexto, como o autêntico agente dessa comunhão que converte em católica a Igreja universal, ao integrar a diversidade e pluralidade de elementos. De notar que uma sociedade que se deixa inspirar pela comunhão trinitária não pode tolerar as classes, as dominações a partir de um poder que submete e marginaliza os que ousam ser diferentes, respondendo afirmativamente à sua identidade.
Mas a Igreja, que é comunhão, só se compreende a partir de factos concretos e visíveis: enquanto comunhão eucarística, a Igreja é não só imagem da comunhão trinitária, mas também a sua actualização. Ela não é apenas sinal e meio de salvação, mas também fruto da salvação. Enquanto communio eucarística é a resposta sobreexcedente à questão humana originária da comunhão.
Esta questão é mediada por símbolos; são eles que nos reportam para o mistério. Actualmente há a disparidade entre as objectivações eclesiais e a restante sociedade, havendo a registar muitas contingências que afectam a valorização dos símbolos religiosos, pelo que a Igreja deve fazer-se a si mesma de muitas formas, cada uma delas representa uma acomodação do símbolo aos destinatários. Deste modo, a Igreja presente no mundo, recorda a dimensão esquecida do homem, a dimensão relacional, a que aspira até no além-túmulo.
Algumas formas de comunhão têm na morte a sua fronteira inevitável, o fracasso de todos os messianismos terrenos e a inexistência de uma esperança verdadeiramente universal. A comunhão eclesial, pelo contrário, é comunhão também para além da morte; só ela pode satisfazer o desejo mais íntimo do coração humano. A instituição eclesial deveria ser o espaço onde se vive já o que proclama a fé, o sinal sacramental da fraternidade escatológica, que, além de aguardar o significado, realiza o que significa. As dimensões visível e invisível da Igreja não deviam ser consideradas como duas coisas distintas, mas como duas dimensões implicadas mutuamente.
É, pois, de suma importância que a comunhão se fundamente teologicamente e que se diga: a eclesiologia da comunhão constitui o critério fundamental para a ordenação da Igreja e especialmente para a correcta relação entre unidade e multiplicidade; síntese muito útil numa sociedade da informação ou informacional, pelo que se manifesta a necessidade de cultivar o espírito de comunhão para construir a comunidade.
18 setembro 2009
O meu ícone para este ano catequético que se inicia!
12Josué levantou-se muito cedo, e os sacerdotes transportaram a Arca do Senhor. 13Os sete sacerdotes, com as sete trombetas, diante da Arca do Senhor, puseram-se em marcha, tocando as trombetas. Os guerreiros precediam-nos. Os restantes seguiam atrás da Arca do Senhor. Durante a marcha ouvia-se o ressoar das trombetas. 14No segundo dia, deram uma volta à cidade, e voltaram ao acampamento; o mesmo fizeram durante seis dias. 15No sétimo dia, levantando-se de madrugada, deram sete vezes a volta à cidade, como nos dias precedentes. Foi o único dia em que deram a volta à cidade por sete vezes. 16Quando os sacerdotes, à sétima volta, tocavam as trombetas, Josué disse ao povo: «Gritai, porque o Senhor vos entrega a cidade. 17A cidade será votada à destruição em honra do Senhor, com tudo o que nela se encontra. Só Raab, a prostituta, terá a vida salva, com todos os que se encontrarem em sua casa, porque ela escondeu os exploradores que havíamos enviado. 18Mas tende cautela com o que é votado ao anátema: se tomardes alguma coisa do que foi declarado anátema, atraireis o anátema sobre o acampamento de Israel, e será uma catástrofe. 19A prata, o ouro e todos os objectos de bronze e de ferro serão consagrados ao Senhor, e ficarão a pertencer ao seu tesouro.» 20O povo gritou e os sacerdotes tocaram as trombetas. Mal o povo escutou o som das trombetas, fez ouvir um grande clamor e as muralhas da cidade desabaram; os filhos de Israel subiram à cidade, cada um pela brecha que tinha na sua frente e tomaram a cidade. 21Votaram-na ao anátema, passando ao fio da espada quanto nela encontraram, homens e mulheres, crianças e velhos, e os bois, as ovelhas e os jumentos.
(Js 6, 12-21)
15 setembro 2009
A Igreja é Comunhão - VI
É de suma importância que a comunhão se fundamente teologicamente e que se diga: a eclesiologia da comunhão constitui o critério fundamental para a ordenação da Igreja e especialmente para a correcta relação entre unidade e multiplicidade; síntese muito útil numa sociedade da informação ou informacional.
Para mais, e segundo Walter Kasper, “a ânsia humana pela comunhão visa algo que possa ser o uno e o todo do homem, algo que ultrapassa todo o humano e só encontra o seu cumprimento na autocomunicação de Deus, na comunhão e amizade com Deus. O anelo do coração humano é tão grande e tão profundo que só Deus é suficientemente grande para o cumular. Só Deus é a última resposta à questão que é o próprio homem”(W. Kasper). A comunhão toma um lugar eminente na prática pastoral, ou pelo menos devia tomar, pois é “um modo de ser, viver, relacionar-se e trabalhar em Igreja, de construir uma comunidade cristã. Por conseguinte com implicações pastorais. Deve configurar um estilo, modelo de pastoral a partir de dentro. Faz parte da realidade dos cristãos. Por isso, é necessário antes de mais cultivar o espírito de comunhão para construir a comunidade”(A. Marto).
A comunhão é uma aspiração de todo o homem, pois este realiza-se na relação com os seus semelhantes. Mas esta prática está em crise, em parte derivada da mentalidade científico-tecnológica emergente na sociedade actual, a qual constitui um mito para o homem moderno.
Poderá, por ventura, esta mentalidade trazer algo de novo à Igreja que ajude a compreender e a realizar a comunhão, como característica essencial da Igreja? Antes de mais é preciso compreender e ver como é que a sociedade actual realiza e aspira à comunhão. É o que faremos a seguir.